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12. Nunca encontrei como foi feita a introdução dos Orixás na Umbanda trazida pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Por acaso existe algum relato ou ensinamento que o Sr. Zélio ou suas entidades fizeram para ensinar algo sobre este tema ou na época de Zélio não havia o culto aos Orixás? Somente haviam os Guias, Pretos Velhos e Caboclos?

Para responder sua pergunta, em primeiro lugar será necessário estabelecer o que se entende por Orixá.
Este termo, hoje tão usual na Umbanda, advém da crença pertinente a religiões de origem africana como o Candomblé, para as quais a figura do Orixá se relaciona à uma entidade compreendida como divindade. Neste contexto, no terreiro, o Orixá, um deus regente de uma força da natureza, "baixa" para com sua dança trazer seu "axé", sua energia, sua graça para os filhos da casa. No Candomblé os espiritos desencarnados (eguns) não se apresentam no terreiro. A orientação espiritual e relacionada aos fatos da vida, feita aos filhos, é realizada por meio do jogo dos búzios. Assim sendo, não há espirito que tenha sido encarnado que se apresente mediunicamente para orientar ou atuar em favor dos filhos.
Na Umbanda trazida pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, não ocorre este tipo de manifestação. Todas as entidades que baixam no terreiro são espíritos desencarnados que se manifestam com o propósito da caridade, ou seja, auxiliar os filhos da casa em suas mazelas, sejam elas fisicas, mentais ou espirituais, realizando orientações ou recomendando ações especificas às pessoas que atendem (banhos, rezas, velas, etc.). Isto ocorre a partir da incorporação mediúnica, diferenciando em substância a Umbanda do Candomblé.
Nesse sentido, podemos afirmar que na Umbanda, tomada a partir das orientações do Caboclo das Sete Encruzilhadas, não há o culto aos Orixás.
O que ocorre é que participam da Umbanda, espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Tais espiritos possuem caracteristicas próprias de sua história espiritual, diferenciando-se uns dos outros, ao mesmo tempo em que possuem elementos de afinidade, que os vinculam ao que chamamos de Linhas.
O conceito de Linha pode ser entendido, em abordagem superficial em razão do espaço desta mensagem, como um agrupamento hierárquico, comparável à uma estrutura militar. Neste contexto, cada Linha abriga diversas falanges, assim como um exército é composto de diversas companhias e elas por batalhões que são formados por pelotões, grupamentos, até chegar no soldado.
Estas Linhas (talvez uma Companhia, se estivéssemos falando do exército) receberam do Chefe – o Caboclo das Sete Encruzilhadas, a designação de um comandante supremo (o que poderíamos compreender como um general), conhecidos por nós como santos da Igreja Católica. A identificação entre estes Espíritos de alto grau de elevação e os Orixás foi feita, então, pelos Pretos Velhos que incorporaram nos médiuns da casa desde os tempos de Zélio, os quais identificaram estes espiritos a partir do modo como os designavam em vida, denotando o sabido sincretismo que ocorria nas senzalas. Deste modo, São Sebastião identifica-se como Oxóssi, São Jorge como Ogum, Nossa Senhora da Conceição como Iemanjá, Santa Bárbara como Iansã, São Jerônimo como Xangô e o próprio Jesus como Oxalá. Tal desígnio, para nós, não é compreendido como culto, pois estes espíritos, seja com a designação católica, seja a africana, não são cultuados.
É preciso compreender que os espiritos, cada um com sua história, se encontram em estágios evolutivos diferenciados, uns mais e outros menos elevados. Nós, por exemplo, encarnados que somos, estamos em um padrão vibracional mais denso enquanto outros espiritos, os Guias, se apresentam em níveis mais altos.
Um destes espiritos que se apresentou em nossa casa, pertencente aos níveis mais altos de vibração, foi um Guia que se apresentava por intermédio de Zélio de Moraes, denominado Orixá Malet. Era vinculado à Linha de Ogum, profundo conhecedor de magia, era responsável por desmanchar demandas, pela atuação na descarga e proteção dos filhos contra vibrações do astral inferior. Denominava-se Malet por ser malaio, isto é, oriundo da Malásia e Orixá por conta de seu elevado nivel espiritual. O termo Orixá, no caso, significa uma alta patente espiritual, como se fosse um "alto general" no "exército" de Deus.
Voltando à ideia de culto aos Orixás, conforme apontado em sua pergunta, e tomando o exemplo de Orixá Malet, percebemos mais uma vez que não ocorre o culto àquele espirito em específico. Mesmo que alguns possam compreender que sua condição de elevação equivale ao que seria uma divindade, daí a designação como Orixá, compreendemos na prática que sua manifestação se dava no sentido de orientar os filhos, protegendo-os das demandas próprias daqueles que buscam caminhar na seara do bem.
Assim sendo, mesmo sendo Malet um Orixá, não existe o culto a Orixá Malet. Na Tenda Espirita Nossa Senhora da Piedade cultua-se a Deus sobre todas as coisas e tem-se nos espiritos elevados o exemplo para o caminho a seguir.
Esperamos que nossa resposta atenda à sua expectativa e que possibilite a compreensão do tema.

Ponto do Caboclo das Sete Encruzilhadas
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